quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Avózinha

Saudades de te ligar para casa todos os dias da semana antes de ir dormir e ficar horas ao telefone, sem nunca querer desligar, e a minha mãe ter que se chatear comigo porque já eram horas de estar a dormir. Saudades de quando ficavas comigo aqui em casa quando eu ficava doente, e ainda foram bastantes vezes; e até de me dizeres que ficava doente porque achava que era Verão o ano todo!
Saudades de passar a semana em contagem decrescente porque de Sexta à noite a Domingo estavas cá em casa. De me fazeres leite com canela antes de dormir. De adormecer na tua cama quando os meus pais iam ao cinema ao Sábado à noite. De ver contigo " O Feiticeiro de Oz" quando tinha 5 anos e não perceber nada do que diziam mas ficar fascinada com a história.
Saudades de ir para tua casa quando os meus pais tinham trabalho na escola e eu estava de férias. De irmos passear às Fontaínhas, de encontrares pessoas tuas conhecidas de 5 em 5 metros e dizeres a todas que eu era filha da Maria. De irmos lanchar à "Vencedora" e me deixares comer uma bola de berlim mas sempre a relembrares-me para não dizer nada aos meus pais, que era o nosso segredo! De quando era Inverno ficarmos debaixo das mantas no teu sofá a ver televisão e de ter vontade de gozar contigo quando choravas a ver o "Ponto de Encontro".
Saudades de ver a tua felicidade quando fazias exposições e ao explicares cada peça às pessoas. O orgulho que eu sentia em ser tua neta! O orgulho que eu sinto em ser tua neta!
Saudades de quando em 2001, ano em que os meus pais se separaram, vieste viver cá para casa. Como eu fiquei feliz!
Saudades de chegar das aulas e ter-te aqui e contar-te o meu dia e as notas dos testes. De ver a tua felicidades quando eu tinha boas notas. Deste-me a minha primeira mesada quando eu tinha 13 anos, 5€ enquanto tu só recebias 200€ mensais.
Saudades de telefonar à mãe para falar contigo todos as noites quando fui viver para Aveiro.
Saudades do teu ar de felicidade quando me viste trajada pela primeira vez.
Saudades da felicidade que sentia quando reagias e falavas, mesmo que sem sentido, quando já estavas muito doentinha. E quando me reconhecias e dizias o meu nome!

Sinto-me privilegiada por ter tido uma avó como tu; que sei que me amava muito e que sempre fez tudo para que os nossos momentos mais tarde pudessem ser memórias felizes.  E claro que também houve algumas discussões!

Saudades tuas, imensas!